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terça-feira, 29 de agosto de 2017

Porque faço parte de uma igreja local ?


Porque faço parte de uma igreja local ?


Demorei bastante para tempo escrever este texto porque sei que isso também tem o potencial de me tornar alvo de críticas e mal-entendidos. A grande realidade é que não posso me omitir e ficar calado diante de tudo que tem acontecido com a igreja nos últimos anos.
Existe uma onda crescente de pessoas chamadas de "desigrejadas". Não estou falando de desviados, ateus ou de pessoas que nunca frequentaram uma igreja, estou falando de pessoas que são adeptas do cristianismo, mas que optam por não frequentar igreja ou frequentar esporadicamente diferentes igrejas sem qualquer tipo de compromisso ou vinculo de membresia.
Então esse texto aqui é endereçado ao leitor que se enquadra em todas as seguintes categorias:
1. É cristão
2. Não é comprometido com nenhuma igreja
3. Acredita na autoridade da Bíblia
4. Deseja sinceramente fazer a vontade de Deus
Se você se enquadra nestas categorias, parabéns, este texto é para você! Por favor, leia TUDO com muita atenção.
Mas, se você não se enquadra em uma ou mais destas categorias, quero lembrar que você tem toda a liberdade de simplesmente ignorar este texto. Você não precisa ler, não precisa responder, não precisa participar.
Agora, se você se decidir por, assim mesmo, ler, responder e/ou participar—peço pela gentileza de ler TUDO com atenção e responder com educação e respeito. Esta é a grande regra da vida.
Não me considero uma teólogo, sou apenas um homem extremamente curioso e pesquisador a respeito das coisas referentes ao Reino de Deus. Não sou especialista, mas vou procurar ser em esclarecedor no texto.


Queridos “desigrejados”,
Creio que entendo alguns dos seus motivos,porque, acredite ou não, mesmo nascido em um lar cristão, e vindo de uma família de pastores, já defendi essa posição com unhas e dentes. Sim, já pronunciei frases como: "sou templo do Espírito Santo“ (fora de contexto obviamente) e  "sou parte da igreja cósmica/universal sem precisar necessariamente ser parte da igreja-instituição" e "tenho comunhão com os irmãos" à medida que tenho amigos cristãos e minha família e pratico o "sacerdócio individual do cristão“ e "não há mediador entre Deus e os homens senão Jesus"“ e, claro, "não preciso de ninguém metendo o nariz na minha vida", "não vou ficar dando dinheiro pra pastor", "quem salva é Jesus e não igreja".
Todas as afirmações e argumentos acima são verdades ou meio-verdades que parecem fazer sentido como argumentos contra fazer parte de uma igreja local,só que não.
Sei também que alguns de vocês já foram feridos no passado ou sofreram alguma forma de abuso espiritual na mão de líderes sem conhecimento bíblico, ou com conhecimento distorcido que os tornam autoritários, falsos, controladores e/ou mal-intencionados. E simplesmente não estão a fim de passar por isso de novo. Entendo perfeitamente.
Mas se você realmente se enquadra nas categorias que descrevi ali em cima, espero muito  convencê-lo hoje a mudar de opinião a respeito disso. Por favor, leia esse texto até o fim e vamos conversar.

Objetivo:
 todo cristão precisa ser comprometido com uma igreja local.

Possíveis exceções
 (que confirmam a regra)
  • Pessoas que não têm mobilidade (ex. Não podem sair da cama). Nesse caso, espero que uma igreja local faça o papel de igreja e se comprometa com eles.
  • Pessoas que moram em países onde não há nenhuma igreja local. A essas pessoas deixo minha oração para que essa situação mude logo.

Motivos:

1. NENHUM HOMEM É UMA ILHA
Vamos começar com o básico:
Não existe cristianismo individual.
A espinha dorsal do Cristianismo é o amor,ao próximo como a si mesmo. A esmagadora maioria das exortações e lições ensinadas no Novo Testamento se refere ao relacionamento com as pessoas ao nosso redor. A Bíblia nos ensina a não buscarmos mais os próprios interesses, a servir, a considerar os outros superiores a si mesmo, a ter o Fruto do Espírito,todas coisas que necessitam obrigatoriamente do componente "outra pessoa" ou "próximo" para serem praticáveis, ou seja, o evangelho puro e simples se aplica no caráter e no relacionamento com as pessoas.
Uma vez li a história de um velho sábio que vivia isolado numa caverna. Um dia foi entrevistado e lhe perguntaram se não se enfadava com a solidão. Ao que ele respondeu que jamais ficava entediado porque tinha que domar dois falcões, treinar duas águias, acalmar dois coelhos, ficar de olho numa serpente, carregar um burro e dominar um leão todos os dias. Os falcões eram seus olhos, os coelhos eram seus pés, a serpente era sua língua, o burro era seu corpo e o leão era seu coração.
De início a história parece fantástica, exceto que não tem utilidade nenhuma domar seus olhos, vigiar a língua e dominar o coração se você não se relaciona com as pessoas. Da mesma forma, todas as exortações bíblicas a respeito de caráter, serviço e amor não tem utilidade se decido viver minha vida de forma isolada.
RELACIONAMENTOS COM OUTRAS PESSOAS e COMUNHÃO COM OUTROS CRISTÃOS são intrínsecos ao nosso fundamento existencial como cristãos.

2. 
SÓ SUA FAMÍLIA E AMIGOS NÃO CONTAM
A Bíblia fala que a Igreja é a reunião de povos que um dia foram inimigos e que foram reconciliados por Cristo, afinal, Deus reconciliou o mundo consigo mesmo através de Jesus Cristo, pessoas que talvez você nunca escolhesse como amigos, pessoas que não necessariamente compartilham seu sangue, aproximadas pelo sacrifício de Jesus na cruz (Efésios 2:11-22). De fato, esse era o objetivo de Jesus ao morrer na cruz (v. 14).
Paulo poderia ter falado: "Queridos judeus, está muito difícil mesmo conviver com esses gregos. Eles têm costumes esquisitos, ideias e filosofias totalmente diferentes, se vestem meio estranho. Melhor cada um seguir seu caminho. Convivam com as pessoas parecidas com vocês! Esse esforço todo não vale a pena! Gregos, vão pra casa, orem e comam com outros gregos, é mais fácil“. Não seria?
De fato, é mais fácil se relacionar com aqueles que são parecidos conosco, que têm as mesmas afinidades, hobbies e gostos em comum, que as personalidades "batem". Mas isso é muito pouco, Jesus não se sacrificou para isso. Ele não derramou o precioso sangue para que nós continuássemos vivendo como viveríamos mesmo que Ele não tivesse feito isso. Ele quer algo mais extremo, pessoas que seriam inimigas passam a ser família, aprendem a amar, perdoar, se reconciliar, suportar uns aos outros em amor e maravilham o mundo físico e o celestial com essa diversidade (multiforme sabedoria e graça de Deus).
"Se vocês amam somente aqueles que os amam, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama amam as pessoas que as amam. E, se vocês fazem o bem somente para aqueles que lhes fazem o bem, o que é que estão fazendo de mais?" Lucas 6:32 – 33
Além disso, uma igreja para ser igreja tem um conjunto de características de manifestação de dons, chamados e funções que dificilmente seria aplicável entre membros de uma família (pais e filhos) ou um círculo de poucos amigos.

3. A IGREJA É  SEGUNDO A BÍBLIA, PLANO DE DEUS
A carta aos Efésios é uma carta apaixonada pela igreja.
Criar este novo povo que é a igreja, diz a carta, era o objetivo de Jesus ao morrer na cruz (Efésios 2:15). Através da igreja, os poderes do mundo celestial deveriam chegar ao conhecimento da multiforme sabedoria de Deus (Efésios 3:10-12).
O propósito dela é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens. Antes, é para que, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo. A partir de Cristo, toda a igreja, ajustada e unida, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função, pelo menos segundo as escrituras, essa deveria ser uma de suas principais prerrogativas. (Efésios 4:14-16)
Por fim, Cristo ama a Igreja como a seu próprio corpo, a ponto de morrer por ela! (Efésios 5:25-28)
A Igreja foi feita para ser a manifestação do Céu na Terra, representantes de Cristo, agentes de reconciliação e justiça, amor e perdão.

4
. A IGREJA CÓSMICA SEMPRE SE MANIFESTA ATRAVÉS DE UMA IGREJA LOCAL
A palavra IGREJA (Ekklesia) não foi inventada pela Bíblia, ela já existia quando foi escrita. No grego clássico se referia a uma assembléia organizada de cidadãos convocados. Isso é relevante para gente porque essa é a linguagem utilizada pelos apóstolos na Bíblia.
Se é uma palavra que significa REUNIÃO, ASSEMBLÉIA, CONGREGAÇÃO, AJUNTAMENTO, existe uma grande probabilidade que, nesse caso, as pessoas se reúnam, certo?
A maioria esmagadora das vezes que a Bíblia utiliza a palavra „igreja“ ela se refere especificamente a uma igreja local.
Mas, vamos dar uma olhada na tal da “igreja cósmica”. Existe uma igreja espiritual filosófica que não se manifesta na forma de uma igreja local?
São pouquíssimas  vezes que „igreja“ é citada sem se referir a uma localização específica. Será que isso se refere a uma igreja invisível filosófica teórica cósmica que existe só no plano das ideias?
Por exemplo: Efésios 5:23 diz que Cristo é o cabeça da igreja. Poderíamos argumentar que "igreja" aqui é utilizada de forma genérica, portanto igreja é algo simplesmente "cósmico/teórico" e não local.
Pois bem, o mesmo versículo diz que o marido é o cabeça da esposa. Portanto, poderíamos argumentar que o casamento não deve ser feito com uma mulher específica—e, sim, com a mulher cósmica, universal, invisível com o qual todos os homens que creem são casados … e, portanto, não é necessário compromisso e, sim, é possível ter uma esposa num final de semana e outra esposa em outra semana, ou viver completamente isolado e, mesmo assim, ser genuinamente casado, com base naquilo que se sente no coração, porque isso é sincero e segue o mandamento de Jesus de amar ao próximo…
Faz sentido? Isso é uma lógica sem lógica, mas é o que acontece quando acreditamos no dualismo “não importa o que vivo, só importa o que creio”. Aliás era o que Paulo tentava combater quando escreveu aos Coríntios, “posso todas as coisas, mas nem todas me convém”,os coríntios, como bons gregos, achavam que o mundo material não importava, por isso podiam fazer o que bem entendessem com seus corpos. A Bíblia é exaustiva em contrariar essa ideia e explicar que o que o você crê e o que há no seu coração precisam necessariamente ter reflexos na sua forma de viver, a prática importa. Tiago também foi bem claro nisso: “a fé sem obras é morta”, anyone?
Ou quando, por exemplo, Cristo diz que irá construir seu próprio ajuntamento / própria assembléia (ekklesia) em Mateus 16:18. Ele fez isso de fato em Jerusalém e ainda faz isso em cada congregação local. Mas, como li uma vez em algum lugar, esse texto não prova que a congregação é uma grande congregação que nunca congrega. Pouco depois, em Mateus 18:17 Jesus também diz:
"Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano."
Isso se trata claramente de uma igreja visível e local e não uma igreja universal, invisível. A frase "a igreja" aqui se refere à igreja específica que uma pessoa faz parte.

5. O NOVO TESTAMENTO PRESSUPÕE QUE VOCÊ FAZ PARTE DE UMA IGREJA
As cartas do Novo Testamento são todas escritas a igrejas locais ou a líderes de igrejas locais, dando orientações a respeito de liturgia, disciplina, ética pastoral etc. Elas destacam constantemente a necessidade de prestação de contas, exortação e disciplina. Por que os autores do Novo Testamento se deram a esse trabalho se ser parte de uma igreja não é realmente necessário?
"Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia."Hebreus 10:24-25
De fato, o Novo Testamento numa regra geral trata o cristão no contexto do ajuntamento (ekklesia)—nunca como uma decisão filosófica individual, após a qual a pessoa continua a viver sua vida, com a única diferença de uma moral mais elevada. Não, o cristão era necessariamente „acrescentado“ à igreja.

6. 
EU SOU *TEMPLO* DO ESPÍRITO, MAS NÃO SOU IGREJA
Às vezes a frase „eu sou templo do Espírito Santo“ é utilizada como argumento para não precisar ir à igreja.
Sim, o Espírito Santo habita em nós, somos um recipiente de sua presença—mas não somos IGREJA (ekklesia: ajuntamento, reunião), porque uma pessoa só não pode ser uma “reunião”.
A palavra TEMPLO é utilizada erroneamente no Brasil como sinônimo para o prédio onde as nossas reuniões acontecem e, por isso, provavelmente, a confusão entre templo (recipiente onde o Espírito de Deus habita) e igreja.
Vamos olhar algumas figuras de linguagem utilizadas para descrever a Ekklesia (reunião, assembléia):
  • Comunidade dos santos (Efésios 2:19)
  • Família de Deus (Efésios 2:19)
  • Uma casa espiritual feita de pedras vivas que são as pessoas (1 Pedro 2:5; Efésios 2:20-22) — Efésios diz que nos tornamos morada do Espírito à medida que estamos sendo edificadosjuntos
  • Geração eleita (1 Pedro 2:9)
  • Nação santa (1 Pedro 2:9)
  • Povo de Deus (1 Pedro 2:9; Efésios 2)
  • Corpo de Cristo com muitos membros, cada um com sua função (1 Corintíos 12:12, 15-22, 26-27; Efésios 4:11-16)
Note que essas ilustrações tratam de coisas coletivas, conjuntos de pessoas, onde cada um cumpre com funções diferentes. Isso não é algo filosófico e invisível. A Bíblia é bem clara que isso trata de algo prático, trata da utilização de dons presenteados pelo Espírito para serviço da família espiritual.
Em Efésios 4:11-13 está escrito que Deus designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que a igreja (local) seja edificada, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. 1 Coríntios 14:26 e Efésios 5:20-21 fala que quando nos reunimos, um deve trazer um salmo, outro uma palavra de instrução, outro uma revelação, outro uma oração em línguas ou uma interpretação—tudo para a edificação da igreja. Deus distribui diferentes dons na igreja de acordo com a necessidade da igreja (1 Coríntios 12)
Essa diversidade de dons, funções e chamados deve ser representada no ajuntamento (assembléia).

7. IGREJA VSUS. INSTITUIÇÃO 
Muitos não tem problema com a igreja local, mas têm problemas com o compromisso com a igreja instituição „inventada pelo homem“.
Porque na Bíblia não há burocracia, nem prédio de igreja, nem carteirinha de membro, nem curso de membro, nem certificado de batismo, nem nome de igreja etc. Etc. Etc.
O elemento humano na igreja incomoda muita gente. Muitos sentem que as igrejas seriam mais verdadeiras e mais puras se não tivessem qualquer tipo de organização, estrutura, papelada, lista de membros etc.
Só que isso é impraticável.
A igreja não tem um elemento humano—a igreja é um elemento humano, porque é feita de humanos. Ela é composta de pessoas de carne e osso e não de simplesmente espíritos. Para nos encontrarmos e servirmos a pessoas precisamos de um local, precisamos de estrutura, precisamos de informações de contato, precisamos de protocolos e meios de comunicação e registros e métodos de trabalho e tentar definir, de alguma forma, com quem podemos contar ou não. Também para ter o direito legal de existir em um estado (o que presumo, a não ser que estejamos falando de anarquismo cristão, o que super simpatizo), há um certo procedimento a seguir. Também é necessária uma certa organização para utilizar de forma justa e da melhor forma os recursos doados para a igreja.
A instituição é uma forma de organização humana. É um instrumento e faz parte de qualquer civilização organizada.
Aliás, tudo isso vemos no livro de Atos dos Apóstolos. A igreja primitiva tinha formas de organização. Ela se reunia nas casas *e* no templo. Diáconos foram nomeados para servir as viúvas helenistas que se sentiam deixadas de lado. Foram feitos concílios. Membresia? A Bíblia diz que as pessoas eram „acrescentadas“ à igreja (Atos 2:41) e Jesus dá autoridade máxima à igreja para excluir pessoas que se recusam a se corrigir (Mateus 18:15-17).
Se não há membresia, como você define que grupo irá tomar essa tarefa tão difícil e importante de exortar a pessoa que não se arrepende? Paulo fala em 1 Coríntios 5:12-13 que devemos julgar os „de dentro“ da igreja e a pessoa poderia ser excluída de dentro da igreja. Como é possível remover uma pessoa se uma pessoa não é parte comprometida da igreja local?
A Bíblia também diz que devemos nos submeter aos líderes da igreja. Mas sem membresia—a que líderes nós nos subteremos? Tem que haver algum tipo de acordo ou compromisso (ou seja, membresia) pra que isso aconteça.
„Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria, não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.“ Hebreus 13:17
„Agora pedimos a vocês, irmãos, que tenham consideração para com os que se esforçam no trabalho entre vocês, que os lideram no Senhor e os aconselham. Tenham-nos na mais alta estima, com amor, por causa do trabalho deles. Vivam em paz uns com os outros.“ 1 Tessalonicenses 5:12-13
„Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, „ 1 Timóteo 5:17
Em Atos dos Apóstolos, os líderes são exortados a cuidar de seu rebanho „sobre o qual o Espírito Santo os designou como bispos“ (Atos 20:28). Da mesma forma, Pedro em 1 Pedro 5:2-3, diz que os pastores devem pastorear o rebanho de Deus que está „aos seus cuidados“, como exemplos para os „que foram confiados“ a eles.


8. COMPROMISSO: SIM OU NÃO?
Igreja dá trabalho. Assim como o casamento, assim como filhos, assim como qualquer relacionamento onde há intimidade, prestação de contas e um certo nível de comprometimento.
Vivemos numa época e numa sociedade nas quais compromisso e lealdade são cada vez mais raras, como, por exemplo, no casamento e no emprego. Essa postura leva a uma cultura de pular de igreja em igreja, ao estilo “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também“. Mas a igreja deve se tornar um lugar fixo para você, tem que ser um lugar onde você pode florescer e crescer, desenvolver seus dons, prestar contas da sua vida, apoiar e ser apoiado por pessoas que fazem parte da sua família espiritual.
O Novo Testamento destaca a necessidade de prestação de contas, exortação e disciplina. Mas você não pode prestar contas se não for comprometido oficialmente com uma Família-Igreja.
Pessoas que visitam igrejas e nunca se comprometem, são como pessoas que só querem ter „dates“ e nenhum compromisso. A paquera pode até ser gostosa, a pessoa sai do encontro feliz e pode (ou não) ver aquela pessoa na semana seguinte—depende de como ela estiver se sentindo.
Essas pessoas podem até argumentar que o casamento é algo artificial, humano, fingido—só por causa de um pedaço de papel de repente você é parte de algo—não é genuíno. Você acorda ao lado de uma pessoa na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza—é barra. Os filhos vêm, a esposa fica desarrumada, a casa tá bagunçada, há contas pra pagar—existe um preço muito alto para o casamento.
Mas nenhum relacionamento tem a capacidade de se tornar tão íntimo e profundo, tão recompensador e frutífero, quanto um relacionamento com esse nível de comprometimento. Nós carregamos o peso, pagamos o preço, porque existe algo que vale à pena.
Cristo se comprometeu até a morte com a igreja.
A tendência humana é se isolar, viver vidas egoístas, voltadas para si mesmo. Mas isso é o contrário do plano de Deus descrito na Bíblia. O Reino de Deus não funciona a partir do princípio do que estou sentindo agora ou a vontade do meu próprio umbigo. Ela trata de carregar sua cruz, servir aos outros com dons, talentos e recursos, buscar os interesses dos outros, basicamente: pagar o preço.
O comprometimento oficial e prático promove o crescimento pessoal (deixamos de ser crianças mimadas carregadas pelo vento), mostra à nossa família espiritual que eles podem contar conosco, vai contra a onda cultural da nossa sociedade e faz com que nosso cristianismo deixe de ser filosófico teórico para visível e real. Compromisso nos relacionamentos com a família espiritual tem a capacidade de nos transformar—e isso é plano de Deus!
Existem falsos líderes? Sim e como! Existem pastores que cometerão abusos de autoridade, ensinarão falsas doutrinas, se aproveitarão de „seu rebanho“. A Bíblia também prevê isso e alerta a respeito.
Por isso, assim como você faz antes de se comprometer num relacionamento romântico, antes de se comprometer com uma igreja local, analise no que ela acredita e ensina (não se você concorda com cada picuinha, mas naquilo que realmente importa), quem são os líderes, se há um equilíbrio doutrinário e estrutural na igreja, os sonhos, planos, a direção etc. Etc.
Mas uma vez que você fizer isso, comprometa-se, invista seus dons e talentos, abrace o projeto, vista a camisa—líderes cometem erros porque são humanos—tenha a mesma graça para com eles que Jesus teve para com você.
Agora é meia-noite e já derramei tudo quanto eu conseguia pensar. Sei que quem quiser consegue arranjar muitos argumentos contra, mas essa é a minha convicção e paixão: não viva fora do propósito de Deus. Ele tem um plano para sua vida maior do que você pode imaginar, maior do que você simplesmente crescer numa carreira, ter uma casa confortável e uma família digna de um porta-retrato. Ele quer te ensinar o que significa ser discípulo, quer que você seja um agente de transformação do mundo, quer que você experimente o que significa fazer com que seja na Terra assim como é no céu.
Para tudo que vale a pena há um preço. Integre-se numa igreja local, sirva com seus dons e recursos, glorifique a Deus.
Tem uma frase do pastor Bill Hybels que diz que não existe nada mais glorioso, mais lindo, do que uma igreja local que funcione. Eu acredito nisso. A Noiva de Cristo é a coisa mais bela que existe. E nós temos o privilégio e a honra comprada pelo sangue de Jesus de fazer parte disso. Não menospreze esse presente.
Por fim, vai novamente o meu apelo: ser parte ativa de uma igreja local (e não simplesmente visitar de vez em quando) é essencial ao ser cristão. A igreja  é plano e propósito de Deus, é a manifestação visível deste novo POVO que ele quis criar e, fora dela, sua vida espiritual terá a tendência de se tornar infrutífera estagnada.
„Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.“ (1 Pedro 2,10)
Mas, Pedrão, o pessoal não quer ser parte desse povo, não quer ficar perto dessa “gentalha”.
“Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados. Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação. Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas. Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus. Se alguém serve, faça-o com a força que Deus provê, de forma que em todas as coisas Deus seja glorificado mediante Jesus Cristo, a quem sejam a glória e o poder para todo o sempre. Amém.” (1 Pedro 4,8-11)
Amém!
Em Amor,

Samir Isac Dantas

Que outras religiões usam a cruz como símbolo? O que significam?


A cruz é um dos símbolos mais significativos, tanto para religiões ortodoxas quanto para seitas ocultistas ou crenças mágicas.

1) Cruz cristã

É o símbolo mais famoso do cristianismo, usado como uma lembrança do sacrifício feito por Jesus Cristo pela humanidade. Também representa a vitória do Filho de Deus sobre a morte e pode ser apresentada com a imagem do próprio Cristo crucificado (nesse caso, leva o nome decrucifixo). Católicos romanos, ortodoxos orientais, alguns ramos do luteranismo e do anglicanismo muitas vezes fazem o sinal da cruz sobre si mesmos como demonstração de fé pela respectiva doutrina.

2) Pé de galinha

cruz chamada popularmente de pé de galinha representa a comunicação entre o mundo da morte e o da ressurreição. Acredita-se que se essa marca for vista ao lado da cama de alguém que acabou de falecer, a alma da pessoa ganhou asas. Já o símbolo de “paz e amor”, formado por uma cruzpé de galinha invertida dentro de um círculo, foi criado durante a Campanha pelo Desarmamento Nuclear, nos anos 60. Esse símbolo já foi confundido com a Cruz de Nero, ou Cruz de São Pedro (uma cruz invertida), também ligada ao satanismo. Mas tudo não passa de um mal-entendido, pois segundo o criador do ícone da paz, Gerald Holtom, o formato remete a um ser humano em desespero, com os braços para baixo em sinal de súplica, e não a satanás.

3) Tau

Símbolo muito antigo, esta cruz é o sinal de três grandes divindades: o deus do Sol, na mitologia suméria, o deus romano Mithras e o deus grego Átis. Segundo as lendas, todos eles morreram e foram ressuscitados, o que remete ao Sol, que se põe todas as noites e nasce novamente no dia seguinte. Popularmente é conhecida como Cruz dos Ladrões, porque teria sido usada na crucificação dos criminosos ao lado de Jesus Cristo. Também foi utilizada por São Francisco de Assis – hoje é reconhecida como sinal da Ordem Franciscana.

4) Cruz ansata

Esse símbolo aparece em muitas obras de arte e itens funerários do Egito antigo. Para os egípcios, a Ankh, como era chamada, seria uma chave para os portões da morte no além-vida. A Ankh é um hieróglifo que significa “vida”. Seu formato é o de uma cruz tau com um círculo na parte superior, que pode representar a genitália masculina e feminina, a união entre céu e terra, e ainda o Sol nascendo no horizonte. A conexão com o Sol faz com que esse símbolo geralmente seja desenhado em dourado. Para os cristãos coptos, descendentes dos egípcios que abraçaram o cristianismo no século 1, a Ankh simboliza a vida após a morte.

5) Algiz ortodoxa

Com duas linhas no topo e uma inclinada na parte de baixo, essa cruz é mais utilizada pela Igreja Ortodoxa. Visualmente, ela é baseada na CruzCristã. Na barra adicional superior estaria a inscrição I.N.R.I, que significa Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus. Já a barra inferior inclinada simboliza duas direções, Céu e Inferno, e também o destino dos ladrões que foram crucificados ao lado de Jesus. O da direita, que se arrependeu, foi para o céu. O outro não…

6) Papal

Usada na heráldica eclesiástica (que identifica religiosos por meio debrasões e escudos), essa cruz é o emblema do papa, líder religioso da Igreja Católica. As três barras sequenciais são geralmente relacionadas à Santíssima Trindade, formada por Pai, Filho e Espírito Santo. Mas, como não há um simbolismo determinado, também se especula que podem representar uma escada, simbolizando os degraus que precisam ser superados até o paraíso.

7) Cruz templária

Ela também é conhecida como Cruz de São João, Cruz Maltesa, Cruz Pátea, entre outras denominações. Isso dá uma ideia da popularidade desse símbolo: são oito pontas finais e o desenho do número 8, na horizontal, é símbolo do infinito e do ciclo da vida (morte e renascimento). Esse é um dos motivos de essa imagem também ser chamada de Cruz da Regeneração. A Cruz Templária é a marca dos Cavaleiros de São João, membros da Ordem dos Templários, organização que surgiu na época das Cruzadas para proteger os cristãos que peregrinavam até Jerusalém. No Brasil de hoje, essa cruz é um dos símbolos do time carioca Vasco da Gama.

sábado, 7 de maio de 2016

OS PRINCIPAIS REFORMADORES DO CRISTIANISMO


Reformadores: Lutero, Úlrico Zwinglio, Guillherme Farel, João Calvino e John Knox.



A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimentou um sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não queriam sujeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja nacional. Esse clima favoreceu o surgimento dos Precursores da Reforma. Eram homens cultos, de vida exemplar, que tinham prazer na leitura e na exposição da Bíblia Sagrada. São chamados precursores porque antecederam aos reformadores e, principalmente, porque não conseguiram superar o legalismo religioso – não descobriram a graça salvadora. Queriam fazer alguma coisa para alcançar a salvação, quando a Bíblia afirma: “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9).
Os principais precursores da Reforma foram: João Wyclif (1328?-1384), professor na Universidade de Oxford, na Inglaterra: João Huss (1373?-1415), professor na Universidade de Praga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Savonarola (1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e queimado por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na Itália.
Além dos movimentos liderados pelos Precursores da Reforma, ocorreram outras tentativas de reformar a igreja, mas sem êxito. No século XVI a situação era bastante propícia a uma reforma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova época política e social. Gutemberg revolucionara o processo de impressão de livro; Colombo descobrira a América... E o descontentamento com a igreja persistia. Tudo isso preparava o terreno para a reforma. E Lutero foi o homem que Deus levantou para desencadear o movimento que resultou na Reforma Religiosa do Século XVI.
MARTINHO LUTERO (1483-1546)

Martinho Lutero nasceu no dia 10 de novembro de 1483. Sua família era pobre e ele lutou com muita dificuldade para estudar. Preparava-se para ingressar no curso de Direito, quando resolveu tor¬nar-se monge. Entrou para o mosteiro agostiniano de Erfurt, em 1505, antes de completar 22 anos de idade. Dois anos depois foi ordenado sacerdote. No ano seguinte foi para Wittenberg preparar-se para ser professor na recém-criada universidade daquela cidade. Foi lá que Lutero dedicou-se ao estudo das Escrituras. E ao estudar a Epístola aos Romanos, descobriu que “O justo viverá por fé” (Romanos 1.17). Ele já havia feito tudo que a igreja indicava para alcançar a paz com Deus. Mas sua situação interior só piorava. Ao descobrir a graça redentora, entregou-se a Jesus Cristo, pela fé, e encontrou a paz e a segurança de salvação.
No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou, na porta da capela de Wittenberg, as suas 95 teses. Era o início da Reforma.
Lutero tentou reformar a igreja, mas Roma não quis se reformar. Antes o perseguiu violentamente. Em 1521 ele foi excomungado. Neste mesmo ano teve que se es¬conder durante 10 meses no castelo de Wartburgo, perto de Eisenach, para não ser morto. Depois voltou para Wittenberg, de onde comandou a expansão do movimento de reforma.
Lutero faleceu em Eisleben, no dia 18 de fevereiro de 1546.


ÚLRICO ZWÍNGLIO (1484-1531)
Paralela à reforma de Lutero, surgiu na Suíça um reformador chamado Úlrico Zwínglio. Era mais novo do que Lutero apenas 50 dias, mas tinha formação e idéias diferentes do reformador alemão.
Úlrico Zwínglio nasceu na Suíça, no dia 1º de janeiro de 1484. Seu pai era magistrado provincial. Sua família tinha uma boa posição social e financeira, o que lhe permitiu estudar em importantes escolas daquela época. Estudou na Universidade de Viena, de Basiléia e de Berna. Graduou-se Bacharel em Artes, em 1504, e Mestre dois anos depois.
Em 1506 Zwínglio tornou-se padre, embora o seu interesse pela religião fosse mais intelectual do que espiritual. Em 1520 Zwínglio passou por uma profunda experiência espiritual, causada pela morte de um irmão querido. Dois anos depois iniciou um trabalho de pregação do evangelho, baseando-se tão somente na Escritura Sagrada. O Papa Adriano VI proibiu-o de pregar. Poucos meses depois, o governo de Zurique, na Suíça, resolveu apoiar Zwínglio e ordenou que ele continuasse pregando.
Em 1525 Zwínglio casou-se com uma viúva chamada Ana Reinhard. Nesse mesmo ano Zurique tornou-se, oficialmente, protestante. Outros cantões (estados) suíços também aderiram ao protestantismo. As divergências entre estes cantões e os que permaneceram fiéis a Roma iam-se aprofundando.
Em 1531 estourou a guerra entre os cantões católicos e os protestantes, liderados por Zurique. Zwínglio, homem de gênio forte, também foi para o campo de batalha, onde morreu no dia 11 de outubro de 1531.
Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele não morreu. Outros líderes deram continuidade ao seu trabalho. Suas idéias foram reestudadas e aperfeiçoadas. As igrejas que surgiram como resultado do movimento iniciado por Zwínglio são chamadas de igrejas reformadas em alguns países, e igrejas presbiterianas em outros. Dentre os líderes que levaram avante o movimento iniciado por Zwínglio destacam-se Guilherme Farel e João Calvino.


GUILHERME FAREL (1489-1565)

Guilherme Farel nasceu em Gap, província francesa do Delfinado, no ano de 1489. Os seus biógrafos o descrevem como um pregador valente e ousado. Embora sua família fosse aristocrática, ele era rude e tosco. Sua eloqüência era como uma tempestade.
Farel converteu-se em Paris. O homem que o levou a Jesus Cristo era seu professor na universidade e se chamava Jacques LeFévre. Parece que Farel inicialmente não pretendia deixar a Igreja Católica, pois em 1521 ele iniciou um trabalho de pregação sob a proteção do bispo de Meaux, Guilherme Briçonnet. Mas logo depois foi proibido de pregar e expulso da França, acusado de estar divulgando idéias protestantes.
Em 1524 estava em Basiléia fazendo as suas pregações. Mas a sua impetuosidade o levou a ser expulso da cidade.
Em 1526 Farel iniciou o seu trabalho de pregação na Suíça de fala francesa. Ligou-se aos seguidores de Zwínglio. Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões (estados) suíços. E em 1532 entrou em Genebra pela primeira vez. Sua pregação causou tumulto na cidade. Teve que se retirar... Mas voltou logo depois. E no dia 21 de maio de 1536, a Assembléia Geral declarou a cidade oficialmente protestante.
Mas Genebra aceitara o protestantismo mais por razões políticas que espirituais. E agora Farel tinha uma grande tarefa pela frente: reorganizar a vida religiosa da cidade.
Guilherme Farel era um homem talhado para conquistar uma cidade para o protestantismo. Mas se perdia completamente no trabalho que vinha a seguir. Não sabia planejar, nem organizar, nem liderar, nem pastorear. Mas, felizmente, conhecia suas limitações e convidou João Calvino para reorganizar a vida religiosa de Genebra.
No dia 23 de abril de 1538, Farel e Calvino foram expulsos da cidade. Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja formada por refugiados franceses. Farel foi para Neuchâtel, uma cidade que havia sido conquistada por ele para o Evangelho. Calvino voltou para Genebra em 1541. Farel permaneceu em Neuchâtel, onde faleceu em 1565, com 76 anos de idade.


JOÃO CALVINO (1509-1564)

O homem responsável pela sistematização doutrinária e pela expansão do protestantismo reformado foi João Calvino. O “pai do protestantismo reformado” é Zwínglio. Mas o homem que moldou o pensamento reformado foi João Calvino. Por isso, o sistema de doutrinas adotado pelas Igrejas Reformadas ou Presbiterianas chama-se calvinismo.
João Calvino nasceu em Noyon, Picardia, França, no dia 10 de julho de 1509. Seu pai, Geraldo Calvino, era advogado e secretário do bispado de Noyon. Sua mãe, Jeanne le Franc, faleceu quando ele tinha três anos de idade.
A família Calvino tinha amizade com pessoas importantes. E a convivência com essas famílias levou João Calvino a aprender as maneiras polidas da elite daquela época.
Geraldo Calvino usou o seu prestígio junto ao bispado para conseguir a nomeação de seus filhos para cargos eclesiásticos, conforme os costumes daquela época. Antes de completar doze anos, João Calvino foi nomeado capelão de Lá Gesine, próximo de Noyon. Não era padre, mas seu pai pagava um padre para fazer o trabalho de capelania e guardava os lucros para o filho. Mais tarde essa capelania foi trocada por outra mais rendosas.
Em agosto de 1523, logo depois de ter completado 14 anos, João Calvino ingressou na Universidade de Paris. Ali completou seus estudos de pré-graduação no começo de 1528. A seguir foi para a Universidade de Orléans onde formou-se em Direito.
Em maio de 1531 faleceu Geraldo Calvino. E João, que estudara Direito para satisfazer o pai, resolveu tornar-se pesquisador no campo de literatura e filosofia. Para isto, matriculou-se no Colégio de França, instituição humanista fundada pelo rei Francisco I. Estudou Grego, Latim e Hebraico. Tornou-se profundo conhecedor dessas línguas.
Em 1532 João Calvino lançou o seu primeiro livro: Comentários ao Tratado de Sêneca sobre a Clemência. Os intelectuais elogiaram muito a obra. Era um trabalho de grande erudição. Mas o público ignorou o lançamento – poucos compraram o livro.
João Calvino converteu-se a Jesus Cristo entre abril de 1532 e o início de 1534. Não se sabe detalhes da sua experiência. Mas a partir daí Deus passou a ocupar o primeiro lugar em sua vida.
No dia 1º de novembro de 1533 Nicolau Cop, amigo de Calvino, tomou posse como reitor da Universidade de Paris. O seu discurso de posse falava em reformas, usando linguagem semelhante às idéias de Lutero. E o comentário geral era que o discurso tinha sido escrito por Calvino. O rei Francisco I resolveu agir contra os luteranos. Calvino e Nicolau Cop foram obrigados a fugir de Paris.
No dia 4 de maio de 1534 Calvino compareceu ao palácio do bispo de Noyon, a fim de renunciar ao cargo de capelão. Foi preso, embora por um período curto. Libertado logo depois, achou melhor fugir do país. E no final de 1535 chegava a Basiléia cidade protestante, onde se sentiu seguro.
Em março de 1536 Calvino publicou a sua mais importante obra – Instituição da Religião Cristã. O prefácio da obra era uma carta dirigida ao rei da França, Francisco I, defendendo a posição protestante. Mas a Instituição era apenas uma apresentação ordenada e sistemática da doutrina e da vida cristã. A edição definitiva só foi publicada em 1559.
Instituição da Religião Cristã, conhecida como Institutas de Calvino, é a mais completa e importante obra produzida no período da Reforma. [Veja a seção As Institutas do site Teologia Calvinista]
Em julho de 1536 Calvino chegou a Genebra. A cidade tinha se declarado oficialmente protestante no dia 21 de maio daquele ano. E Guilherme Farel lutava para reorganizar a vida religiosa da cidade.
Calvino estava hospedado em uma pensão, quando Farel soube que ele estava na cidade. Foi ao seu encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo na reorganização da cidade.
Calvino era bem jovem – tinha apenas 27 anos. A publicação das Institutas fizera dele um dos mais importantes líderes da Reforma na França. Mas o seu início em Genebra foi muito modesto. Inicialmente ele era apenas um preletor de Bíblia. Um ano depois foi nomeado pregador. Mas enquanto isso elaborava as normas que pretendia implantar e fazer de Genebra uma comunidade modelo.
João Calvino teve muitos adversários e opositores em Genebra. À medida que ele ia apresentando as normas que pretendia implantar na cidade, a fim de torná-la uma comunidade modelo, a oposição ia crescendo. Finalmente a oposição venceu as eleições. E no dia 23 de abril de 1538, Calvino e Farel foram banidos de Genebra.
Calvino foi para Estrasburgo, onde pastoreou uma igreja constituída de refugiados franceses. Ali viveu os dias mais felizes de sua vida. Casou-se. A escolhida se chamava Idelette de Bure. Era holandesa. E viúva.
Genebra, enquanto isso, passava por várias mudanças. Os adversários de Calvino foram derrotados. E, no dia 13 de setembro de 1541, ele entrava novamente em Genebra. Voltava por insistência de seus amigos. Voltava fortalecido. E, enfim, pôde reorganizar a vida religiosa da cidade.
Calvino introduziu o estudo do seu catecismo, o uso de uma nova liturgia, um governo eclesiástico presbiterial, disciplinou a vida civil, estabeleceu normas para o funcionamento do comércio e fez de Genebra uma cidade modelo.
No dia 29 de março de 1549 Idelette faleceu. Mas Calvino continuou o seu trabalho. Pesquisava, escrevia comentários bíblicos e tratados teológicos, administrava, pastoreava, incentivava...
Em 1559 fundou a Academia Genebrina – a Universidade de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar ali e levaram a semente do evangelho na volta à sua terra. Esses jovens se espalharam pela França, Países Baixos, Inglaterra, Escócia, Alemanha e Itália.
João Calvino faleceu em Genebra, no dia 27 de maio de 1564. Mas a sua obra permaneceu viva. [Veja a seções João Calvino e As Institutas]


JOHN KNOX (1505/15?-1587)

Os seguidores do movimento iniciado por Zwínglio e estruturado por Calvino se espalharam imediatamente por toda a Europa. Na França eles eram chamados de huguenotes; na Inglaterra, puritanos; na Suíça e Países Baixos, reformados; na Escócia, presbiterianos.
A Escócia é uma país muito importante na história do protestantismo reformado. Foi lá que surgiu o nome presbiteriano. Por isto, alguns livros de história afirmam que o presbiterianismo nasceu na Escócia.
O grande nome da reforma escocesa é John Knox. Pouco se sabe a respeito dos primeiros anos de sua vida. Supõe-se que tenha nascido entre os anos 1505 a 1515. Estudou teologia e foi ordenado sacerdote, possivelmente em 1536. Não se sabe quando e em que circunstâncias ocorreu a sua conversão. Em 1547 foi levado para a França, onde ficou preso dezenove meses, por causa de sua fé. Libertado, foi para a Inglaterra, onde exerceu o pastorado por dois anos. Em 1554 teve que fugir da Inglaterra, indo, inicialmente, para Frankfurt, e depois para Genebra, onde foi acolhido por Calvino. Em 1559 voltou para a Escócia, onde liderou o movimento de reforma religiosa. Sua influência extrapolou a área religiosa, atingindo também a vida política e social do país. Sob a sua influência, o parlamento escocês declarou o país oficialmente protestante, em dezembro de 1567. A igreja organizada por ele e seus auxiliares recebeu o nome de Igreja Presbiteriana. John Knox faleceu no dia 24 de novembro de 1587.
O presbiterianismo foi levado da Escócia para a Inglaterra; de lá, para os Estados Unidos da América.
Em 1726 teve início um grande despertamento espiritual nos Estados Unidos. Este despertamento levou os presbiterianos a se interessarem por missões estrangeiras. Missionários foram enviados para vários países, inclusive o Brasil. No dia 12 de agosto de 1859 chegou ao nosso país o primeiro missionário presbiteriano: Ashbel Green Simonton. [Este foi fundador da Igreja Presbiteriana do Brasilwww.ipb.org.br .]

Autor: Rev. Adão Carlos Nascimento
Igreja Presbiteriana de Campinas, site http://www.ipcamp.org.br


ASHBEL GREEN SIMONTON Rev. (1833-1867) - Fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil


Ashbel Green Simonton (1833-1867), o fundador da Igreja Presbiteriana do Brasil, nasceu em West Hanover, no sul da Pensilvânia, e passou a infância na fazenda da família, denominada Antigua. Eram seus pais o médico e político William Simonton e D. Martha Davis Snodgrass (1791-1862), filha de um pastor presbiteriano. Ashbel era o mais novo de nove irmãos. Os irmãos homens (William, John, James, Thomas e Ashbel) costumavam denominar-se os "quinque fratres" (cinco irmãos). Um deles, James Snodgrass Simonton, quatro anos mais velho que Ashbel, viveu por três anos no Brasil e foi professor na cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro. Uma das quatro irmãs, Elizabeth Wiggins Simonton (1822-1879), conhecida como Lille, veio a casar-se com o Rev. Alexander Latimer Blackford, vindo com ele para o Brasil.

Em 1846, a família mudou-se para Harrisburg, a capital do estado, onde Ashbel concluiu os estudos secundários. Após formar-se no Colégio de Nova Jersey (a futura Universidade de Princeton), em 1852, o jovem passou cerca de um ano e meio no Mississipi, trabalhando como professor. Voltando para o seu estado, teve profunda experiência religiosa durante um avivamento em 1855 e ingressou no Seminário de Princeton, fundado em 1812. No primeiro semestre de estudos, ouviu na capela do seminário um sermão do Dr. Charles Hodge, um dos seus professores, que despertou o seu interesse pela obra missionária no exterior. Concluídos os estudos, foi ordenado em 1859 e chegou ao Brasil no dia 12 de agosto do mesmo ano.

Pouco depois de organizar a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro (12/01/1862), o jovem missionário seguiu em viagem de férias para os Estados Unidos, vindo a casar-se com Helen Murdoch, em Baltimore. Regressaram ao Brasil em julho de 1863. No final de junho do ano seguinte, Helen faleceu nove dias após o nascimento da sua filhinha, que recebeu o seu nome. Helen Murdoch Simonton, a filha única do Rev. Simonton, nunca se casou e faleceu aos 88 anos no dia 7 de janeiro de 1952. Com o passar dos anos, Simonton criou o jornal Imprensa Evangélica (1864), organizou o Presbitério do Rio de Janeiro (1865) e fundou o Seminário Primitivo (1867), este último localizado em um edifício de vários pavimentos junto ao Campo de Santana.



No final de 1867, sentindo-se adoentado, o missionário pioneiro seguiu para São Paulo, onde sua irmã e seu cunhado criavam a pequena Helen. Seu estado de saúde agravou-se e ele veio a falecer no dia 9 de dezembro, acometido de "febre biliosa", conforme consta do seu registro de sepultamento. Seu túmulo foi um dos primeiros do ainda recente Cemitério dos Protestantes, no bairro da Consolação. Anos depois, foram sepultados perto dele os ossos do ex-sacerdote Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), o primeiro pastor evangélico brasileiro. Simonton e Conceição, um americano e um brasileiro, foram os personagens mais notáveis dos primórdios do presbiterianismo no Brasil. 
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